Em meio ao crescente interesse internacional pelo setor mineiro africano, a Kenmare Resources, uma das maiores produtoras mundiais de minerais pesados de titânio, encerrou as negociações de venda com um consórcio liderado por Michael Carvill, ex-CEO e um dos fundadores da empresa. O grupo, que incluía a Oryx Global Partners, propôs a aquisição total da empresa e do seu ativo mais valioso: a mina de Moma, localizada na província moçambicana de Nampula.
Após meses de conversações, o Conselho de Administração da Kenmare rejeitou a proposta por considerar que o valor oferecido não refletia o verdadeiro potencial da companhia, classificando-a como uma avaliação substancialmente abaixo do esperado. A decisão reafirma a posição da empresa como uma operadora independente, comprometida com o crescimento sustentável e o fortalecimento da sua presença em Moçambique.
As negociações, iniciadas oficialmente em março, começaram com uma oferta não vinculativa feita integralmente em dinheiro. Embora tenha recusado a proposta inicial, o Conselho permitiu que o consórcio realizasse uma análise preliminar (‘due diligence’), fornecendo acesso limitado a documentos e informações estratégicas, na expectativa de uma proposta revisada mais alinhada com o valor real da empresa.
No entanto, mesmo com o progresso nas conversas e a troca de informações adicionais, a segunda proposta apresentada pelo grupo não apenas permaneceu insatisfatória, como foi revisada para um valor inferior ao inicialmente proposto. O consórcio também solicitou mais tempo para concluir análises financeiras — o que, segundo o Conselho, comprometeu a credibilidade do processo e levou a uma nova rejeição unânime.
Andrew Webb, presidente do Conselho de Administração, destacou que a abordagem foi tratada com profissionalismo, mesmo sendo uma iniciativa não solicitada. “A Kenmare está focada em gerar valor sustentável e duradouro para seus acionistas e parceiros. Continuaremos atentos a oportunidades que estejam alinhadas com esse objetivo”, declarou.
Webb também sublinhou os fundamentos sólidos da empresa, citando a robustez da mina de Moma, que abriga uma das maiores reservas conhecidas de titânio no mundo. “Temos um perfil de custos competitivo, uma vida útil longa para a mina e uma forte carteira de encomendas para o segundo semestre de 2025”, reforçou.
Atualmente, a companhia está em fase avançada de modernização da Planta de Concentrado Húmido A (Wet Concentrator Plant A), com o início das operações previsto para o terceiro trimestre deste ano. A atualização é estratégica para permitir a futura exploração da área de Nataka, considerada essencial para manter os níveis de produção e estabilidade financeira mesmo diante de incertezas do mercado internacional.
A mina de Moma, situada na província de Nampula, representa um pilar central na produção global de minerais como ilmenite, zircão e rutilo — utilizados em setores estratégicos como aviação, construção civil, tintas industriais e plásticos. A resiliência da Kenmare reforça a relevância de Moçambique como um ator-chave no cenário global da mineração de alto valor.
