A mina de Balama, localizada em Cabo Delgado e considerada uma das maiores reservas de grafite natural do mundo, voltou a operar após seis meses de interrupção. A unidade, gerida pela empresa australiana Syrah Resources, desempenha um papel fundamental no fornecimento de matéria-prima para baterias de veículos elétricos — incluindo os fabricados pela Tesla.
A paralisação foi consequência dos distúrbios políticos que eclodiram em Moçambique no final de 2024 e início de 2025, que comprometeram o ambiente operacional e logístico em diversas regiões do país. Com a aprovação de um acordo político nacional e sinais de estabilidade institucional, a Syrah anunciou, em nota ao mercado, a retomada das atividades a partir de 5 de maio.
Segundo a mineradora, os trabalhos de manutenção e a reabilitação das vias de acesso à mina foram concluídos com sucesso. A produção será reativada de maneira gradual, com aumento progressivo dos volumes e reabastecimento dos estoques, alinhando-se à recuperação da demanda internacional — sobretudo fora da China, onde a escassez do mineral tem pressionado o mercado.
“A unidade industrial voltará a operar em pleno à medida que a procura internacional for se mantendo estável”, informou a empresa.
A grafite de Balama é um insumo vital na produção de ânodos de baterias de lítio, usadas em veículos elétricos. A Syrah é uma das poucas fornecedoras fora do mercado chinês, com contratos estratégicos em curso, incluindo um com a montadora norte-americana Tesla. A expectativa é que as entregas sejam aceleradas já no terceiro trimestre de 2025.
Apesar da reativação, a mineradora mantém a declaração de força maior em vigor, conforme previsto no Acordo de Mineração de Balama. A medida segue válida enquanto a total normalização dos envios e condições operacionais não for garantida.
A suspensão das operações foi formalizada em dezembro de 2024, durante uma intensa crise política pós-eleitoral em Moçambique. O período foi marcado por bloqueios, confrontos e violência, resultando em pelo menos 390 mortes em diversas províncias. O estopim foi a rejeição dos resultados eleitorais por parte do opositor Venâncio Mondlane, que levou milhares às ruas.
A crise impactou também o setor financeiro da empresa. Dois importantes financiamentos internacionais — um da DFC (International Development Finance Corporation) no valor de 150 milhões de dólares, e outro do Departamento de Energia dos EUA, no montante de 98 milhões — entraram em situação de inadimplência, comprometendo projetos futuros da Syrah, incluindo uma unidade de processamento de grafite nos Estados Unidos.
“Os protestos e os bloqueios provocaram eventos de incumprimento nos nossos contratos com financiadores norte-americanos”, confirmou a empresa em comunicado.
A recuperação institucional começou a tomar forma com a assinatura de um acordo político multipartidário em março de 2025, ratificado pelo Parlamento em abril. O pacto incluiu reformas constitucionais e compromissos de estabilidade, visando restaurar a confiança no país como destino seguro para investimentos de grande porte.
Com a mina de Balama operando novamente, Moçambique retoma sua posição estratégica no fornecimento global de grafite natural — um elemento crucial para a transição energética mundial e para o futuro da mobilidade elétrica.
Gostei da notícia, espero que está companhia, não volte a pararlisar suas operações, desejo mais produção e mais vendas, para que os postos de trabalho dos moçambicanos que aqui trabalham, os seus postos de trabalho não sejam comprometido.
Cumprimentos
Obrigado, cumprimentos da equipe Manica Times!